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Três jornalistas, três memórias: ALBA Cultural lança coletânea de livros

"Personagens de Ipiaú", de José Américo Castro; "O Andarilho da Cidade da Bahia", de Tasso Franco e "Museu do Chico", de Chico Ribeiro Neto serão lançados na próxima terça, 20

17/05/2025 às 13h03 Atualizada em 17/05/2025 às 13h03
Por: Redação Fonte: Ascom/ALBA
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Foto: Ascom/ALBA
Foto: Ascom/ALBA

Na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), três vozes do jornalismo baiano reencontram suas origens literárias. No próximo dia 20, às 15h30, o Parlamento baiano promove o lançamento simultâneo de três livros editados através do projeto ALBA Cultural. As obras “O Andarilho da Cidade da Bahia”, de Tasso Franco; “Personagens de Ipiaú”, de José Américo Castro; e “Museu do Chico”, de Chico Ribeiro Neto, formam um painel de crônicas, prosas e memórias que atravessam Salvador e o interior do estado.

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A cerimônia marca não apenas a publicação dos títulos, mas a entrega pública de narrativas costuradas ao longo de décadas pelos três autores com forte presença no jornalismo da Bahia. A coordenação editorial é do jornalista Paulo Bina, chefe da assessoria de comunicação da Ascom ALBA, com assistência de Idalina Vilas Boas e Alexsandro Mateus. As ilustrações são de Borega e Bira Paim assina diagramação e paginação. O projeto gráfico e a capa do livro de Tasso Franco são de Tasso Filho e Vitória Giovanini.

PROSA POÉTICA

Aos 79 anos, Tasso Franco retorna à forma literária com a obra “O Andarilho da Cidade da Bahia”. O livro, com 198 páginas, reúne 33 textos em prosa poética que atravessam as ruas, esquinas e memórias de Salvador. “É uma cidade que conheço desde 1963. Caminho por ela há mais de meio século”, escreveu o autor na apresentação do livro.
Franco, que define sua escrita como “poema em prosa, sem rima, mas com pé e cabeça”, revisita lugares e personagens da capital, como em “O Vendedor de Cabideiros”, “Cafés e Prosas na Varanda”, ou ainda no texto “Medo sepulta a vida noturna de Salvador”, que circulou com força na internet ao ser publicado originalmente no site Bahia Já.

Na obra, o jornalista sustenta uma crítica à arquitetura do medo que molda o cotidiano urbano. “Evoluímos para pior”, diz. “A cidadania, o direito de ir e vir pela cidade, está limitado a determinados espaços e horários.” Para Franco, Salvador é hoje uma cidade “enjaulada, cercada por grades, cercas elétricas e equipamentos de segurança”.

Entre as figuras que marcaram sua trajetória de “flâneur” na cidade, o autor menciona o artista plástico Calasans Neto e o mestre de capoeira angola Vicente Pastinha, com quem aprendeu os primeiros passos. “Trago esses encontros comigo como parte do meu museu íntimo”, escreve. O livro é também um tributo aos cronistas da velha Bahia, como Gregório de Matos e Godofredo Filho, e a Salvador como campo de vivência sensorial.

CENAS DO INTERIOR

“Personagens de Ipiaú – Os folclóricos e outras figuras” é a mais recente obra de José Américo Castro. Com 345 páginas, o livro reúne mais de uma centena de crônicas sobre a cidade do Sul da Bahia onde o autor nasceu. A obra recupera personagens reais e inventados, entre eles “Niêta do Pouso do Jacu”, “Clarice do Mingau”, “O enigmático Val da Capela” e “O lobisomem do Bairro Novo”.

“São histórias de uma gente que merecia virar livro”, escreve José Américo. “Encontrei espelhos, exemplos, pessoas dignas de reverência e repletas de irreverência.”

Aos 70 anos, José Américo iniciou sua vida literária ainda no Ginásio de Rio Novo. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrou as redações do Diário de Notícias e do jornal A Tarde, onde trabalhou na equipe do suplemento A Tarde Municípios. Atuou ainda na defesa do patrimônio cultural de Ipiaú, sendo o primeiro presidente do Conselho Municipal de Cultura e o primeiro agraciado com a Medalha do Mérito da Cultura pela Câmara Municipal.

O prefácio do livro foi escrito por Sérgio Mattos, doutor em Comunicação e autor de mais de 50 obras. “José Américo é um memorialista nato”, afirma. “De maneira democrática, trata todos com o mesmo respeito e destaca suas respectivas contribuições para transformar Ipiaú em terreno fértil para a cultura.”

Em textos como “Eu, meu pai, Castro Alves e as vacas”, o autor entrelaça autobiografia, memória rural e paixão literária. Ainda menino, abandonou o curral por determinação do pai para declamar versos do poeta dos escravos. “A praça é do povo como o céu é do condor!”, recorda.

SALVADOR POR DENTRO

Chico Ribeiro Neto, nascido em Ipiaú em 1948, abre as portas do seu acervo íntimo no livro “Museu do Chico”. São crônicas sobre personagens populares e recantos desaparecidos de Salvador — um exercício de arqueologia afetiva que remonta à cidade ainda provinciana e ao mesmo tempo em expansão.

No livro, o cronista recria figuras como “O Guarda Lagartixa”, “O Cancan das Irmãs Tripa” e “Curió, preá e jiboia azul”. Recupera espaços como a Casa Sloper, as lojas Duas Américas e Sandiz, os antigos cinemas Jandaia e Pax, e também as esquinas da cidade onde, como diz o autor, “a poesia mora no que sobrou do cotidiano”.

O prefácio da obra é assinado por Elieser Cesar, também jornalista. Para ele, o autor domina a arte de “aproveitar o que para o jornal é sobra” e transformar isso em narrativa literária. “Museu do Chico é um álbum afetivo do menino antigo e do jovem cronista, a perambular pelas ruas de uma Salvador que pulsa na memória”, escreve.
Com passagens pela Tribuna da Bahia, Revista Manchete e Jornal do Brasil, além de editorias do jornal A Tarde, Chico Ribeiro tem uma trajetória consolidada no jornalismo baiano. Lançou seu primeiro livro, “Qualé, meu tio?”, em 1996.

“Museu do Chico” é um mergulho nas pequenas revelações do cotidiano. “É ali, no detalhe corriqueiro, que se encontra o ouro da memória”, observa Elieser. “E é esse ouro que Chico compartilha com o leitor.”

Ascom / Assembleia Legislativa da Bahia

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